sábado, 20 de fevereiro de 2010

Simbiose



“A que perdi está misturada, tão
misturada comigo
Que às vezes sobe ao meu coração
o seu coração morto
E sinto seu sangue correr nas
minhas veias.
A que perdi é tão presente no meu
pensamento
Que sinto misturarem-se com as minhas
lembranças de infância as lembranças
de sua
infância desconhecida.
A que perdi é tão minha que as minhas
lágrimas vieram dos seus olhos.
E as suas é que descem dos meus.
A que perdi está dentro do meu espírito
como o filho no corpo materno
Como o pensamento na palavra
Como a morte no fim dos caminhos do
mundo.”
Augusto Frederico Schmidt

Era uma vez.... era uma vez...
era uma vez
o dia em que senti
aquela simbiose
que vicia
que sufoca
que segura
...
Era uma vez..... apenas era uma vez....

Era uma vez agora....
cuja simbiose se limita
a circular
no pântano da memória que insiste
em não ser apagada
e que de vez em quando
dá as caras nas profundezas de um sono
um sono sem fim
um sono
com sonhos
que não deveriam estar ali.
Era uma vez
uma vez.
agora.
e para sempre???
Não.
Para sempre não.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Como é que é?


Quando então fiz um convite aos amigos para dar uma passada neste blog, recebi alegremente uma resposta provocativa e inusitada:

Como é que é? Filosofias provocativas? Ou seriam provocações bilosóficas no seu flog?.... Pra ver seus questionamentos sóbrios sobre a loucura embriagante das respostas sem perguntas que os pré-conceitos ideológicos atribuem às perguntas sem respostas pré-concebidas?!!
Porque gosto não se discute? Se a estética é um ramo da filosofia?! Isso tem cheiro de ídéia pré concebida!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Quem somos nós, afinal?

Quem sou eu?
Quem é você?
Sou eu aquela que os números apontam
e cujas estatísticas respondem
quanto tenho (ou quanto não tenho)
quanto estudei (ou quanto não estudei)
quantos amigos (ou quantos inimigos)
há quantos anos nasci (ou quantos faltam até eu deixar de existir)
sempre quantos, quantos, quantos...
Por que cargas-d'água, afinal,
o mundo nos trata por "quanto"
e não por "como" ou "o que"
ou pelos desejos e sonhos
ou pelos amores - e desamores
ou pelas virtudes mais puras
ou pelas intimidades mais cruéis....?
Quem sou eu?
Quem é você?
Afinal?

Liberdade para viver a vida com liberdade!

Que liberdade é essa
eu quero saber
cujas celas do aprisionamento
estão no lugar mais íntimo
da consciência da inconsciência?

Qual é o sentido do sentido que não tem sentido algum?!

No meio da escuridão
da fumaça branca
e do amor mais terno,
junto ao nada de lugar nenhum,
da reflexão inspirada nas palavras
de poesia de uma poesia sem fim,
da leitura da literatura
do sempre e do nunca...
Da busca constante e incessante
pela compreensão de
não se sabe o que...

Quando então brotam lágrimas silenciosas
do vazio da descoberta
de que o sentido da vida
não faz sentido algum.